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HYANNA DA CUNHA
( Brasil -MINAS GERAIS )
Poetisa, compositora e musicista belo-horizontina, pertence à resistência e representa a cena autoral e Underground.
Ela se autodenomina “Construtora com palavras” e seu projeto “Hyanna Solta o Verbo — Poesia & Toda Arte” vem ganhando as ruas e as mídias virtuais com textos de opinião e canções visando gerar reflexões positivas e causar pequenas revoluções (ou grandes).
CEM POEMAS CEM MIL SONHOS; homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país. Organização: por Rodrigo Starling. A 176 p. 14 x 20 cm. Capa: Jackson Abacatu. N. 09 814
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA
A BRUXA
As chamas
Que consumiriam
A mulher ali imobilizada,
Propositalmente não amordaçada
(pois seriam exemplo
seus gritos desesperados
de dor)
Crepitavam já aos seus pés.
Os olhos dela
Encaravam já aos seus pés.
Os olhos dela
Encaravam tudo
Com a fúria tranquila
De quem se conforta
Livre de culpa.
E aqueles homens
Pomposamente trajados,
Bordados em seda e ouro
Sorriam
Com requinte de malícia.
Uma multidão
Acompanhava
O desenrolar da cena
Já conhecida.
E a fumaça
Trazia urros sofridos
E cheiro:
De madeira queimada,
Tecido, vingança,
Mentiras e morte.
UM TIRO
Que eu seja espinho,
incômodo,
Caco de vidro,
Do de cabeça,
Vômito.
Que eu seja tudo
O que lhe cause asco.
Mas que eu seja sincera,
Que eu sempre
Possa me comover
E me importar.
Que eu nunca me venda,
Que eu nunca me cale.
Porque “eu prefiro ser
essa metamorfose ambulante”
Do que brindar
Com o sangue dos explorados
E festejar a ascensão
Dos torturadores,
Da censura
E da repressão.
*
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Página publicada em maio de 2025.
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